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R$ 1 milhão na conta? Veja quanto o valor pode render e se é possível viver de renda

Viver de rendimentos – ou contar com eles para complementar a renda – é um dos sonhos mais comuns dos investidores. Acumular R$ 1 milhão seria, para alguns, uma meta que lhes proporcionaria independência financeira. Mas será que essa impressão se sustenta na prática?

Descubra o passo a passo para viver de dividendos e ter uma renda mensal previsível, começando já nas próximas semanas.

Para responder a essa questão, o InfoMoney pediu um levantamento para a Levante Corp, que calculou quanto R$ 1 milhão renderia por mês, se aplicado em diferentes títulos de renda fixa e em ações que fazem parte do Índice de Dividendos (IDIV) da B3.

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O resultado numérico é o mesmo para todos os investidores, mas a resposta – se é possível viver de renda com R$ 1 milhão – varia de acordo com o padrão de vida de cada um e também com a existência ou não de outras fontes de renda.

“O investidor pode olhar para essas alocações não com a ilusão de viver de renda, mas pensando em melhorar o seu padrão de vida. Os recursos podem ser uma complementação de renda e da aposentadoria”, afirma Fabricio Silvestre, analista de renda fixa da Levante Corp, que efetuou os cálculos. Isso porque os rendimentos mensais de R$ 1 milhão aplicado variam de R$ 5 mil, na pior alternativa (a caderneta de poupança) até cerca de R$ 8,5 mil para renda gerada por dividendos. Silvestre pondera que, a depender do custo de vida de onde se reside, os R$ 8 mil podem representar muito (no caso de cidades do interior, por exemplo) ou não (como em São Paulo ou o Rio de Janeiro, nas quais a vida é mais cara).

Rogério Paulucci Mauad, professor do Ibmec-SP, tem opinião semelhante: “enxergo esse R$ 1 milhão mais  como fonte de renda passiva do que como independência financeira.”

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Os cálculos foram feitos com base em taxas de mercado e os resultados são líquidos do pagamento do Imposto de Renda, mas com o pressuposto de que o investidor pagou a alíquota mínima, de 15% para os rendimentos que incidem sobre a renda fixa – o que acontece apenas após dois anos de aplicação, já que as alíquotas variam de 22,5% para o prazo de até 6 meses a 15% (para prazos superiores a dois anos). É importante ressaltar que se trata apenas de uma simulação, e que as condições de mercado, cotações e taxas variam dia a dia.

Tipo de investimento Taxa de retorno Rendimento mensal
Debêntures incentivadas/CRI/CRA (IPCA + 7%) 10,50% R$ 8.355,16
LCI/LCA (98% CDI) 10,40% R$ 8.120,64
IDIV (7,30% + IPCA) 10,80% R$ 8.583,01
Poupança 6,17% R$ 5.001,75
Tesouro IPCA + 6,10% 9,60% R$ 6.517,96
Fonte: Levante Corp

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As aplicações escolhidas como exemplo possuem diferentes graus de risco e rentabilidade. No caso da poupança, o risco é o da instituição financeira na qual se aplicou – mas a aplicação é coberta pelo Fundo Garantidor de Crédito (FGC), que segura aplicações de até R$ 250 mil por CPF e por instituição, limitadas a R$ 1 milhão a cada quatro anos. Atualmente, o retorno da poupança é de 0,5% ao mês (6,17% ao ano) mais a Taxa Referencial (TR). A regra muda se a taxa Selic cair abaixo de 8,5%, quando a caderneta passa a render 70% da Selic mais a TR. O investidor que tivesse aplicado R$ 1 milhão na poupança teria um rendimento mensal de R$ 5 mil, o pior da simulação.

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O montante de R$ 1 milhão investido em ações que pagam dividendos, e que fazem parte do índice IDIV da B3, renderiam cerca de R$ 8,5 mil mensais para o investidor – o maior rendimento da simulação. Para o cálculo, foi levado em conta um retorno de dividendos (dividend yield) de 7,3% das ações do IDIV e, a ele, foi acrescentada a inflação (IPCA de 3,5%), partindo-se da premissa que os dividendos também protegem da inflação, uma vez que as empresas repassam os custos, e esse repasse se reflete em seus lucros (e, por consequência, nos dividendos). Vale lembrar que, aqui, o investidor está no universo da renda variável, com maior oscilação nos ativos e nos lucros das empresas – o que também pode implicar em maior variação nos rendimentos mensais.

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Mauad, do Ibmec, vê a estratégia de dividendos de forma positiva, desde que ela seja parte de uma carteira diversificada – segundo ele, o investidor jamais deve aplicar em um único produto, o que também vale para a renda fixa. Sobre os dividendos, ele considera importante que o investidor selecione as empresas com perspectivas de continuar pagando bons dividendos por um bom tempo, além de reinvestir o dinheiro dos proventos.

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Como alternativas de rentabilidades intermediárias na simulação feita pela Levante Corp estão as aplicações no Tesouro IPCA (que dariam rendimento de R$ 6,5 mil), em debêntures incentivadas, CRIs e CRAs (rendimento de R$ 8,3 mil) e LCIs e LCAs (R$ 8,1 mil). “O momento está excelente para investir em renda fixa e a expectativa é de inflação baixa nos próximos anos”, afirma Mauad.

Para o Tesouro IPCA, a simulação considerou um retorno de 9,6% (6,1% mais IPCA de 3,5%). O professor do Ibmec-SP considera a taxa de 6,1% muito atraente, mas lembra ao investidor que, se ele precisar vender os títulos antes do vencimento, pode ter prejuízo se os juros subirem (pois no caso dos prefixados, quanto maiores as taxas, menor o preço do título). Ele lembra também que o investidor interessado nos rendimentos deve buscar títulos que pagam cupons (pois em alguns vencimentos não há pagamentos intermediários).

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Outra alternativa interessante para quem quer complementar a renda após a aposentadoria, considera Mauad, é o título Tesouro RendA+, que tem estrutura igual às NTN-Bs. A partir da data de vencimento do título, o investidor recebe 240 parcelas mensais corrigidas pela inflação, cujos valores vão depender do patrimônio acumulado ao longo do tempo.

Para as LCIs e LCAs, considerou-se uma rentabilidade de 98% do CDI, o que daria uma taxa de 10,4%. Silvestre afirma que essa remuneração está em linha com a oferecida por instituições de primeira linha, e que o investidor que conta com R$ 1 milhão provavelmente poderá encontrar retornos mais elevados, mas em instituições com piores classificação de risco.

Para as debêntures incentivadas, CRIs e CRAs, foi considerada uma rentabilidade total de 10,5% – como esses são títulos privados com risco de crédito, a remuneração é superior à dos títulos do governo, no caso o Tesouro IPCA. Silvestre, da Levante Corp, lembra ainda que o investidor deve levar em conta a periodicidade da distribuição dos rendimentos. No caso do Tesouro IPCA, por exemplo, a distribuição dos rendimentos (cupom) ocorre a cada semestre – o investidor teria que se programar para usar os recursos do rendimento aos poucos, mensalmente. No caso dos dividendos, as companhias abertas optam por várias periodicidades, desde a anual até a mensal (como nos bancos de grande porte).

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