Aos 37 anos, completados em abril de 2024, o empresário Pablo Marçal quer ser prefeito da maior cidade do Brasil a partir de 1º de janeiro de 2025. Fenômeno nas redes sociais, com mais de 10 milhões de seguidores apenas no Instagram, o investidor, escritor e influenciador digital apresentou sua pré-candidatura à prefeitura de São Paulo (SP) pelo Partido Renovador Trabalhista Brasileiro (PRTB) – e já causou impacto na corrida eleitoral mais aguardada do país neste ano e também nas campanhas de seus prováveis adversários.
De acordo com os dados da mais recente pesquisa do Datafolha, divulgada na quarta-feira (29), Marçal nem bem se apresentou como postulante ao cargo máximo da administração paulistana e já aparece pontuando como um dos principais concorrentes, personificando a figura do candidato “outsider” – que não faz parte do habitat político, o que pode ser um trunfo na eleição.
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O pré-candidato do PRTB obteve 7% das intenções de voto, segundo o levantamento do instituto, e está tecnicamente empatado com nomes mais conhecidos do mundo político, como a deputada federal Tabata Amaral (PSB) e o apresentador de TV José Luiz Datena (PSDB), ambos com 8%.
Isso significa que, recém-chegado à disputa pela prefeitura da maior cidade do país, Pablo Marçal já integra o segundo pelotão da disputa, atrás apenas dos dois líderes que vêm polarizando o cenário eleitoral em São Paulo – o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL), com 24%, e o prefeito e candidato à reeleição Ricardo Nunes (MDB), com 23%.
No primeiro cenário testado pelo Datafolha, sem a presença de Datena e do deputado federal Kim Kataguiri (União Brasil), Pablo Marçal tem um desempenho ainda melhor, aparecendo com 9% das intenções de voto – numericamente empatado com Tabata.
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Nesse cenário, Marçal e Tabata estão tecnicamente empatados com Marina Helena (Novo), que tem 6% das menções. Os dois primeiros colocados continuam sendo Nunes e Boulos, desta vez com o atual prefeito numericamente à frente: 26% a 24%, dentro da margem de erro de 3 pontos percentuais para mais ou para menos.
Expedição nas alturas
Nascido em Goiânia (GO), no dia 18 de abril de 1987, Pablo Henrique Costa Marçal ganhou projeção nacional, catapultado pela força das redes sociais, vendendo cursos de desenvolvimento pessoal – atuando como “coach”.
Marçal se tornou ainda mais conhecido em 2022, quando foi protagonista de uma “expedição” ao Pico dos Marins, na Serra da Mantiqueira (SP) – mais de 2,4 mil metros acima do nível do mar –, que terminou com o socorro do Corpo de Bombeiros devido ao risco às mais de 30 pessoas que participavam da trilha. Todos foram resgatados.
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Pré-candidato a presidente em 2022
Em 2022, o coach lançou sua pré-candidatura à Presidência da República pelo PROS e chegou a ter seu nome testado em pesquisas de intenção de voto, surpreendendo analistas, candidatos e partidos políticos.
Divergências internas envolvendo dirigentes do PROS, no entanto, fizeram naufragar a tentativa de Marçal de concorrer ao Planalto. A legenda decidiu apoiar a candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e, contrariando o próprio partido, o coach declarou que votaria no então presidente Jair Bolsonaro (PL), candidato à reeleição.
Ainda em 2022, após ter a candidatura barrada à Presidência, Pablo Marçal partiu para o “plano B” e tentou disputar uma cadeira na Câmara dos Deputados, pelo estado de São Paulo. Ele obteve 243 mil votos, terminando entre os 20 mais bem colocados. Venceu, mas não levou.
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No dia 30 de outubro de 2022, Marçal teve a candidatura impugnada pelo então ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) Ricardo Lewandowski (hoje ministro da Justiça e Segurança Pública do governo Lula).
No mês anterior, Marçal já havia tido seu pedido de registro de candidatura rejeitado pelo Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo (TRE-SP) devido à falta de documentos, mas pôde concorrer sub júdice. A decisão final do TSE, no entanto, sepultou, mais uma vez, o sonho do coach de ser eleito para um cargo político.
Nas eleições de 2022, Marçal declarou ter um patrimônio de R$ 16,9 milhões. Posteriormente, o valor foi atualizado para R$ 96,2 milhões.
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Acusações
O nome de Pablo Marçal também esteve envolvido em acusações e investigações.
Em 2010, o empresário foi apontado como suposto participante de um grupo que teria desviado dinheiro de bancos em meados de 2005 – na época, ele tinha 18 anos.
O grupo criava sites falsos de instituições financeiras, como a Caixa Econômica Federal e o Banco do Brasil, e mandava e-mails acusando pessoas, falsamente, de inadimplência. Os criminosos roubavam dados e informações das vítimas e, ainda, “infectavam” computadores e dispositivos digitais com programas conhecidos como “cavalos de Troia”.
Marçal reconheceu que chegou a colaborar com o grupo, mas sempre garantiu não ter conhecimento de qualquer ilegalidade praticada. Ele foi condenado, mas teve a pena extinta em 2018, por prescrição retroativa.
No ano passado, Marçal foi alvo de uma operação da Polícia Federal (PF) que apurava crimes eleitorais e de falsidade ideológica, lavagem de dinheiro e apropriação indébita de recursos.
Na ocasião, o coach afirmou que “nenhum ilícito foi praticado e nenhum centavo de dinheiro público foi utilizado nas campanhas eleitorais”. Segundo ele, as despesas de sua pré-campanha foram pagas com recursos próprios ou por doações. O empresário, à época, se disse alvo de “perseguição política”.
Sinal amarelo nas campanhas rivais
A entrada de Pablo Marçal na corrida pela prefeitura de São Paulo ligou o alerta nas pré-campanhas dos principais postulantes ao cargo. Embora não admitam publicamente, nomes como Ricardo Nunes e Tabata Amaral receberam com surpresa e preocupação o bom desempenho do coach na pesquisa do Datafolha.
Marçal preocupa Nunes porque é visto como um nome forte entre o eleitorado mais ligado ao ex-presidente Jair Bolsonaro – a quem apoiou na eleição de 2022. Se mantiver a candidatura, temem os aliados do atual prefeito, Marçal pode dividir votos no campo da direita e prejudicar Nunes.
A campanha de Tabata, por sua vez, também vê potencial em Marçal junto ao eleitorado mais jovem, principalmente pela popularidade que o influenciador digital ostenta nas redes sociais. Se avançar nesse segmento, o empresário pode, eventualmente, tirar votos preciosos da pré-candidata do PSB.
Outro pré-candidato a prefeito de São Paulo, Kim Kataguiri (União Brasil), também vê no eleitorado mais jovem seu principal trunfo. O deputado federal participou, na semana passada, do programa “Marçal Talks”, comandado pelo coach e exibido no YouTube. Ambos tiveram uma conversa cordial e demonstraram sintonia.
“Posso até sair candidato à prefeitura, e mesmo saindo pré-candidato por enquanto, eu topo te ajudar no que você precisar. Porque eu sei que a cidade tinha que ter políticos que raciocinam”, elogiou Marçal, dirigindo-se a Kim. “Se o povo pensar do jeito que você [Kataguiri] pensa, nós vamos mudar este país.”
Na quinta-feira (30), ao participar da Marcha para Jesus, em São Paulo, o prefeito Ricardo Nunes assegurou que não está preocupado com o avanço de Pablo Marçal nas pesquisas. “Eu preciso sair desse tema de política nacional, de questões ideológicas, de coaching. Já pensou, vou disputar com o Paulo Marçal sobre coaching? Vou perder, não quero”, ironizou.
“Eu quero discutir a cidade. E as pessoas não estão votando em professor de coaching. Então, vamos votar em quem vai cuidar da cidade”, completou Nunes.
Filiado ao PRTB neste ano, Pablo Marçal já passou por outros três partidos políticos: PROS (2022-2023), Solidariedade (2023-2024) e Democracia Cristã (2024). Ficou apenas 15 dias neste último.
Nome completo: | Pablo Henrique Costa Marçal |
Data de nascimento: | 18 de abril de 1987 |
Local de nascimento: | Goiânia (GO) |
Formação: | Bacharel em Direito |
Ocupação: | Investidor, empresário, escritor, influenciador digital e político |
Partido: | Partido Renovador Trabalhista Brasileiro (PRTB) |