A Petrobras (PETR3, PETR4) pode decidir pela distribuição de 100% dos dividendos extraordinários do exercício de 2023. Para a surpresa do mercado, o secretário do Tesouro Nacional, Rogério Ceron, disse que o governo considera provável a distribuição de todos os recursos disponíveis.
Se a distribuição integral acontecer, o payout – que indica a porcentagem de lucro líquido distribuído via dividendos ou juros sobre capital próprio – da Petrobras iria para 92,49%, acima dos 89,6% distribuídos pela estatal no exercício de 2022. Até agora, contando com metade dos dividendos extraordinários do ano passado, o indicador referente a 2023 está em 74,88%. O cálculo é de Einar Rivero, da consultoria Elos Ayta.
No primeiro trimestre deste ano, a Petrobras teve lucro líquido de R$ 23,7 bilhões e anunciou a distribuição de 13,45 bilhões. Logo, o payout será de 56,8%.
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Dividend yield
Outro indicador que irá mudar caso a Petrobras distribua 100% dos dividendos extraordinários será o dividend yield – retorno da ação apenas com o pagamento de dividendos –, que vai subir cerca de 4,4 pontos percentuais e atingir 23,44%.
O cálculo é de Victor Bueno, sócio e analista de ações da Nord Investimentos. A conta mostra que, somente com a distribuição de 45% do fluxo de caixa livre – montante que deve ser distribuído obrigatoriamente –, de R$ 71,35 bilhões, o dividend yield seria de 14,51%, considerando o valor de mercado da empresa na última sexta-feira (24).
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Nos próximos anos, porém, o retorno com dividendos da Petrobras pode cair drasticamente. O analista usou as projeções compiladas pela Bloomberg para calcular o DY dos próximos exercícios e, se a expectativa atual do mercado se cumprir, o dividendo do exercício de 2026 alcançaria “somente” 9,29%.
Confira as projeções de dividend yield das ações da Petrobras com a distribuição de dividendos ordinários, 50% e 100% dos dividendos extraordinários:
DY com dividendos ordinários (%) | DY com 50% dos dividendos extraordinários (%) | DY com 100% dos dividendos extraordinários (%) | |
2023 | 14,51 | 18,98 | 23,44 |
2024 (projeção) | 7,74 | 10,33 | 12,91 |
2025 (projeção) | 5,33 | 7,11 | 8,89 |
2026 (projeção) | 5,57 | 7,43 | 9,29 |
Em 2022, o dividend yield da ação preferencial (PETR4) foi de 68,32%. Naquele ano, a estatal foi beneficiada pela alta no preço do petróleo e foi a maior pagadora de dividendos do mundo no segundo trimestre. Ainda vale mencionar que os cálculos de Bueno para chegar aos 23,4% de DY em 2023 consideram a cotação recente de PETR4, não o preço para quem comprou o papel no início do ano passado.
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Comprar ou vender?
Em maio, as dez carteiras recomendadas de ações para dividendos monitoradas pelo InfoMoney mostraram um crescimento na preferência pela estatal. Os acontecimentos ao longo do mês, no entanto, provocaram alguma divergência entre analistas.
Entre os mais otimistas, o papel segue atraente para investidores focados no longo prazo, entre outros motivos, pela capacidade de geração de caixa da empresa. Já entre os pessimistas, a ação perdeu apelo para proventos. “Há uma volatilidade grande e não achamos positivo o direcionamento de expansão do programa de investimentos para setores que dão retorno menor do que o core business, para energia renovável e refino”, justifica Phil Soares, chefe de análise de ações da Órama.
Para Bueno, da Nord, o risco que as ações da Petrobras trazem aos portfólios é muito grande e, portanto, não vale a pena colocar os papéis da petroleira nas carteiras de dividendos. “Não vemos (a ação) com tanta atratividade, mesmo com yield atual, estão negociando muito próximas à média dos últimos anos e o risco de ingerência política pode afetar os papéis”, explica.