Enquanto investidores já aguardam por um corte de juros na Europa, nos Estados Unidos as dúvidas persistem sobre quando começará o afrouxamento da política monetária por parte do Federal Reserve (Fed).
Esse movimento monetário divergente acontece por conta da desaceleração, ainda que lentamente, da inflação na Europa, após as disparadas de preços nos países do bloco comum, sobretudo por conta da guerra entre a Rússia e a Ucrânia.
Já nos EUA, a inflação ainda preocupa – e muito – os dirigentes do Fed. Portanto, as sinalizações de “corte” à vista pelo Banco Central Europeu (BCE) podem levar à uma desvalorização, mesmo que sutil, da moeda europeia em relação à norte-americana.
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“(O BCE) cortar as taxas antes do Fed basicamente dá ao mundo um sinal de que o euro precisa se enfraquecer”, disse Daniel Lacalle, da Tressis Gestion, à CNBC, no começo deste mês.
Estudo do Fundo Monetário Internacional aponta, por sua vez, que a mudança no diferencial de juros entre BCE e Fed, como se espera, deve trazer “uma mudança minúscula de 0,1% a 0,2% na taxa de câmbio”.
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Vale ressaltar que, o conflito armado em solo europeu, chegou a levar euro e dólar a atingirem a mesma paridade, pela primeira vez, em 20 anos, em julho de 2022.
Acima, o gráfico do euro em relação ao dólar, mostrando a desvalorização da divisa europeia logo após a invasão russa à Ucrânia, o que acelerou a inflação, levando o BCE a elevar os juros. Abaixo, se observa movimento semelhante em relação ao real.
No fechamento de quarta-feira (29), cada euro valia 1,07 dólar. No mercado cambial brasileiro, o euro foi negociado a R$ 5,626 na venda e o dólar a R$ 5,208.
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Qual é a tendência do euro em junho?
Principal fator, portanto, para a movimentação do euro está na próxima decisão do BCE, que em sua última reunião manteve os juros inalterados, em 4,50% (taxa de refinanciamento, a principal da região) – mesmo patamar desde outubro de 2023.
Por cinco reuniões, o BCE tem evitado apontar quando será o início do corte, mas analistas consideram que pode estar mais próximo do que a queda de juros dos EUA.
Em abril, a avaliação do Conselho do BCE foi de as pressões internas sobre os preços ainda eram fortes e mantinham a inflação de serviços ainda elevadas.
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Na semana passada, no entanto, o posicionamento de Joachim Nagel, presidente do banco central alemão, foi de que a alta de salários não seria preocupante o suficiente para que o BCE não iniciasse seu corte na taxa de juros na reunião de 6 de junho.
Há muito tempo, o BCE vem sinalizando um corte de juros no próximo mês, mas uma alta no crescimento dos salários nos 20 países do bloco, acabou por obscurecer as perspectivas.
Tem previsão do euro aumentar?
De acordo com especialistas, a resposta é: depende.
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Isso porque a melhora no cenário do continente europeu faria sim com que a moeda ganhasse força.
A perspectiva do BCE é justamente de que a inflação deve chegar ao seu menor patamar desde setembro de 2021. Mas não há prazo nem previsão de quando a valorização aconteceria.
Além disso, a demanda pela moeda só vem aumentando nos últimos meses – por um motivo que é pouco ligado à política monetária do continente.
Olímpiadas
De acordo com pesquisa da Travelex Confidence, a movimentação do euro aumentou cerca de 31% em abril de 2024 pela proximidade com os Jogos Olímpicos de Paris, marcados para começar em 26 de julho.
A demanda aumentou em março e abril e, segundo a pesquisa, deve ser crescente no mercado de câmbio brasileiro.
(Com Reuters)