A retomada da fábrica de fertilizantes Araucária Nitrogenados S.A. (Ansa) pela Petrobras (PETR4) trouxe repercussão no mercado em meio a mais sinais dados pela empresa e que marcam os primeiros movimentos da CEO Magda Chambriard, A estatal anunciou que sua Diretoria Executiva aprovou a retomada das atividades operacionais da ANSA (“Araucaria Nitrogenados S.A”), que a empresa decidiu “hibernar em 2020”. A previsão é de retomada da operação no segundo semestre de 2025.
De acordo com o Itaú BBA, quando a empresa anunciou as medidas iniciais para a retomada das operações da usina, a ANSA tinha registrado perdas consistentemente desde sua aquisição pela Petrobras em 2013.
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O esperado prejuízo das operações da ANSA em 2020, quando a Petrobras decidiu hiberná-la, foi superior a R$ 400 milhões. “A aprovação para reativar a planta é consistente com o reposicionamento da empresa no segmento de fertilizantes, conforme anunciado anteriormente em seu Plano Estratégico 2024-2028”, afirmam os analistas do BBA, que possuem recomendação marketperform (desempenho em linha com a média do mercado, equivalente à neutra) para os ADRs (recibo de ações negociados nos EUA) da companhia.
O BTG Pactual apontou ser importante abordar esse anúncio dadas as preocupações dos investidores sobre a alocação de capital da empresa em segmentos não essenciais.
Primeiro, o banco reconhece que investimentos em fertilizantes geram retornos bem abaixo dos entregues pela companhia em seus segmentos de upstream e refino. Dito isso, a reativação da ANSA não é particularmente nova.
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Os investimentos em fertilizantes foram incluídos no último Plano Estratégico de 5 anos da empresa (PE), atualizado em novembro passado, o que significa que não é um investimento adicional a ser adicionado à estimativa de capex do banco. Além disso, em abril deste ano, a equipe de gestão da empresa já havia aprovado medidas iniciais para retomar as operações da ANSA. Entre 2015 e 2021, o lucro líquido e o fluxo de caixa ajustado da ANSA (fluxo de caixa operacional menos capex) foram consistentemente negativos.
“Embora ainda acreditemos que a aprovação para a reativação da planta tenha seguido todos os processos internos de governança, garantindo a viabilidade econômica de qualquer projeto, é claro que o setor de fertilizantes historicamente representou desafios para a empresa. O lado positivo é que os números da ANSA não são muito significativos para os resultados gerais da Petrobras”, apontam os analistas do banco.
Durante todo o período entre 2015-2021, o prejuízo líquido total da ANSA somou US$ 320 milhões (cerca de US$ 45 milhões por ano), o que representa apenas 1% da estimativa de lucro para a Petrobras em 2024 do banco.
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Olhando para a geração de fluxo de caixa, mesmo incluindo o capital de giro em 2020, possivelmente vinculadas à desativação da planta, a queima total de caixa entre 2015-2021 totaliza cerca de US$ 400 milhões (US$ 57 milhões por ano), ou 2,6% da geração de fluxo de caixa para o acionista esperada para a Petrobras em 2024.
“Reconhecemos novamente que há riscos associados a investimentos maiores na Petrobras e não estamos particularmente otimistas sobre as perspectivas no segmento de fertilizantes. Mas continuamos a questionar se a magnitude dos investimentos realizados poderia ameaçar a capacidade de distribuição de dividendos da empresa”, avaliam os analistas do BTG.
Para o banco, a governança corporativa da Petrobras continua sendo um pilar muito relevante da sua tese de investimento, e quaisquer mudanças significativas nos estatutos da empresa e na lei das estatais que possam ameaçar mais rapidamente o nível de retornos da empresa seriam prejudiciais à sua visão otimista sobre a ação. Mas, até agora, ainda vê uma assimetria muito positiva para a distribuição de dividendos e aponta a Petrobras como a sua principal escolha no setor.