SEUL/TÓQUIO (Reuters) – A Coreia do Norte lançou nesta segunda-feira um foguete que se acredita estar transportando um satélite de reconhecimento militar, mas o veículo de lançamento pode ter falhado durante o voo, informaram as Forças Armadas da Coreia do Sul e a mídia japonesa.
A Coreia do Norte disparou o projétil em uma trajetória ao sul de sua costa oeste por volta das 22h44 (10h44 no horário de Brasília), informou o Estado-Maior Conjunto da Coreia do Sul (JCS), horas depois de Pyongyang ter dito que lançaria um satélite em algum momento antes de 4 de junho. No entanto, o JCS disse ter detectado destroços do foguete no mar, e as agências de inteligência da Coreia do Sul e dos Estados Unidos estavam investigando se o lançamento havia falhado.
O projétil lançado da Coreia do Norte desapareceu do radar e o lançamento parece ter falhado, disse um funcionário do governo japonês à emissora NHK. Um alto funcionário do Ministério da Defesa do Japão disse aos repórteres que “o míssil não voou para a área anunciada, e a situação não é a que a Coreia do Norte pretendia. Ainda estamos analisando se é um satélite ou não”, informou a agência de notícias japonesa Kyodo. A emissora pública japonesa NHK mostrou um vídeo do que parecia ser um ponto laranja voando no céu noturno e depois explodindo em chamas em uma área próxima à fronteira entre a China e a Coreia do Norte. Um funcionário do Ministério da Defesa do Japão disse aos repórteres que a cor das chamas na filmagem sugere que o combustível líquido pode estar queimando, mas os detalhes estão sendo analisados no momento, informou a NHK.
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O lançamento parece ter se originado de Dongchang-ri, uma área do noroeste do país onde está localizado o principal centro de voos espaciais da Coreia do Norte, disse o JCS. O governo japonês emitiu um alerta de emergência nesta segunda para que os moradores do sul se protegessem da possível ameaça de um míssil norte-coreano, antes de retirar o alerta e dizer que não se esperava que ele sobrevoasse o território japonês. O Japão informou por meio de seu sistema de transmissão J-Alert que a Coreia do Norte parecia ter disparado um míssil, enviando o aviso aos moradores da província de Okinawa, no sul do país. No início do dia, a Coreia do Norte notificou o Japão de que planeja lançar um satélite entre 27 de maio e 4 de junho.
VÁRIOS FRACASSOS, UM SUCESSO
O lançamento seria a tentativa da Coreia do Norte, que possui armas nucleares, de colocar em órbita um segundo satélite espião. Após várias tentativas fracassadas que terminaram com a queda dos foguetes, a Coreia do Norte colocou com sucesso seu primeiro satélite em órbita em novembro. A primeira tentativa do país de lançar o novo foguete de satélite Chollima-1, em 31 de maio do ano passado, terminou após uma falha no segundo estágio. A mídia estatal atribuiu o revés a um novo sistema de motor e combustível instável e não confiável.
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Após a tentativa de lançamento em maio, a Coreia do Sul retirou os destroços do satélite do mar e disse que uma análise mostrou que ele não tinha utilidade significativa como plataforma de reconhecimento. Outra tentativa em agosto também fracassou, com os estágios dos foguetes impulsionadores apresentando problemas que resultaram na queda das cargas no mar. As autoridades espaciais da Coreia do Norte descreveram o fracasso de agosto, depois que o foguete propulsor apresentou um problema em seu terceiro estágio, como “não um grande problema” em termos da confiabilidade geral do sistema de foguetes. Em fevereiro, especialistas espaciais norte-americanos disseram que o primeiro satélite espião da Coreia do Norte, chamado Malligyong-1, estava “vivo”, depois de detectar mudanças em sua órbita que sugeriam que Pyongyang estava controlando a espaçonave com sucesso — embora suas capacidades permaneçam desconhecidas.
A mídia estatal norte-coreana informou que o satélite havia transmitido fotos do Pentágono e da Casa Branca, entre outras áreas, mas não divulgou nenhuma das imagens.O lançamento bem-sucedido de novembro foi o primeiro depois que o líder norte-coreano, Kim Jong Un, fez uma rara viagem ao exterior em setembro e visitou o centro de lançamento espacial mais moderno da Rússia, onde o presidente Vladimir Putin prometeu ajudar Pyongyang a construir satélites. Nenhum dos dois países detalhou a extensão dessa futura ajuda, que poderia violar as resoluções do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) contra a Coreia do Norte.
Especialistas russos visitaram a Coreia do Norte para ajudar no programa de satélites e foguetes espaciais, informou a agência de notícias sul-coreana Yonhap, citando uma autoridade graduada e não identificada de defesa da Coreia do Sul. Pyongyang afirmou que precisa de um satélite de reconhecimento militar para aumentar o monitoramento das atividades militares dos EUA e da Coreia do Sul.