Enquanto o Ibovespa tem batido nas últimas sessões as mínimas do ano e cai mais de 10% em 2024, o S&P500 e o Nasdaq têm renovado recordes esta semana. O que explica esse descolamento?
Olhando para o histórico, a XP Investimentos comenta que desempenho do Ibovespa tem mostrado habitualmente forte correlação com as taxas taxas de juros americanas de longo prazo nos últimos anos — quando as taxas lá fora subiam, o Ibovespa acompanhava na direção oposta, e vice-versa.
O time de análise da corretora explica que movimento é explicado pela própria atratividade do título americano, considerado de “zero risco”, que leva o investidor global a retirar capital do Brasil e outros emergentes quando a taxa de juros sobe nos EUA. Porém essa relação perdeu a força recentemente, conforme mostra o gráfico da semana abaixo.
As taxas lá fora voltaram a cair em meio à desaceleração da economia americana e dados melhores que o esperado de inflação em abril e maio. Isso renovou as expectativas de cortes de juros pelo Federal Reserve em setembro, o que tem impulsionado as bolsas por lá.
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Já por aqui, o mercado está em queda principalmente pela política. A Bolsa brasileira tem sido pressionada em 2024 por uma combinação de maiores preocupações quanto a condução da política monetária por aqui em meio à desancoragem das expectativas de inflação, interferência em empresas relevantes da Bolsa, e também incertezas quanto ao equilíbrio fiscal. Analistas de mercado, inclusive, têm revisado para baixo as projeções para o Ibovespa vendo um risco fiscal mais alto e expectativa de Selic ainda a dois dígitos.
Levando isso em conta, a equipe de estratégia da XP avalia que uma continuação das quedas nas taxas dos títulos americanos possa ser um potencial catalisador para a Bolsa brasileira. Mas, mais importante, a redução de preocupações quanto à política fiscal e maior visibilidade sobre a condução da política monetária, com as próximas decisões levando o mercado a reancorar as expectativas, pode ser um gatilho para o mercado doméstico.