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Goldman Sachs eleva RENT3 e RAIL3 à compra; CCRO3 e WEGE3 são rebaixadas

Com a recente derrocada do mercado de ações brasileiro (Ibovespa caiu 9% no ano e o índice de small caps -14%), o Goldman Sachs decidiu ajustar suas recomendações no setor de infraestrutura e indústria, buscando se posicionar em nomes que tiveram expectativas de lucros reduzidas ou desempenho inferior devido ao aumento das taxas de juros, além de oferecer uma avaliação atraente.

Nesse sentido, o banco americano optou por elevar a classificação de Rumo (RAIL3) e Localiza (RENT3) de neutra para compra, enquanto rebaixou CCR (CCRO3) para neutra (de compra) e WEG (WEGE3) para venda (de neutra). O preço-alvo de RENT3 para doze meses caiu de R$ 60,10 para R$ 59,20 (potencial de valorização, ou upside, de 39%), enquanto o de CCRO3 foi de R$ 15,30 para R$ 13,60 (upside de 14%). Já o target de RAIL3 subiu de R$ 24,50 para R$ 25,50 (upside de 19%), enquanto o de WEGE3 foi elevado de R$ 38,80 para R$ 40 (upside de 7%).

Entres as companhias mencionadas, a Localiza apresentou o pior desempenho (-33% no ano, contra -9% do Ibovespa), refletindo o aumento das taxas de juros juntamente com uma perspectiva mais desafiadora para o mercado de carros usados, levando as expectativas de lucros para baixo.

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Por outro lado, a WEG teve um desempenho superior (+2% no ano), possivelmente refletindo o status da empresa como resistente a fatores macroeconômicos (dada suas operações no exterior, baixa alavancagem e altos retornos).

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Localiza (RENT3)

O Goldman Sachs elevou a classificação de Localiza para compra, pois atualmente enxerga uma assimetria positiva para o nome, com base em: i) desempenho inferior do preço das ações (-33% no ano versus -9% do Ibovespa); ii) dados recentes sobre os preços de carros novos e usados apontando para alguma estabilização; iii) uma avaliação pouco exigente em cerca de 15,2 vezes e 11,7 vezes Preço/Lucro em 2024 e 2025; e iv) visão de espaço para a Localiza crescer volumes em 9% ao ano nos próximos anos em um ambiente competitivo favorável.

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Analistas apontam que, uma vez que a depreciação da Localiza reflita o cenário atual de queda nos preços dos carros usados, se os preços continuarem caindo em um ritmo constante ou moderado (não acelerando a queda nos preços), a depreciação provavelmente se estabilizará em algum momento.

O banco comenta que a depreciação da Localiza como percentual do valor da frota (sob o antigo padrão contábil, para comparabilidade) está em 9%, comparado a 4% pré-pandemia. Assim, o banco acredita que a depreciação já leva em conta uma taxa de queda dos preços dos carros usados em cerca de 5 pontos percentuais (p.p.) por ano pior do que pré-pandemia, corroborando com a visão de que o risco de outro aumento significativo na depreciação é menos provável do que antes.

Do ponto de vista de rentabilidade, o Goldman também espera que Localiza entregue uma recuperação nas margens a partir de 2024, mas reconhece que a margem permanece abaixo da média histórica no curto prazo.

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O banco elevou a classificação da Rumo para compra, pois acredita que as expectativas dos investidores em relação ao ambiente de preços de 2025 diminuíram; ii) a visibilidade sobre os retornos de novos investimentos, que melhorou após o aumento significativo no Ebitda nos últimos anos; iii) a perspectiva da safra melhorou em relação às expectativas no início do ano; e iv) agora enxerga a ação negociando a uma avaliação pouco exigente de 7 vezes Valor da Firma (EV)/Ebitda.

Segundo o relatório, uma safra de milho melhor do que o esperado anteriormente no segundo semestre de 2024 (embora ainda abaixo do ano anterior) poderia melhorar o ambiente de preços para o frete rodoviário durante o segundo semestre de 2024 e levar a um cenário melhor em que a Rumo negocia suas tarifas de 2025.

Dados de alta frequência sobre os preços do frete rodoviário também apontam para uma recuperação em maio, com os preços do frete aumentando cerca de 10% mês a mês (quase estáveis ano a ano) nas rotas Sorriso-Miritituba e Sorriso-Rondonópolis, o que poderia argumentar por um ambiente de preços melhor para a Rumo. Por outro lado, o banco reconhece que essa tendência começou em maio e, portanto, é necessário permanecer atento para ver se pode persistir no segundo semestre.

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A CCR rebaixou a recomendação para neutra, pois agora analistas veem a empresa oferecendo retornos médios e potencial impacto limitado de novos projetos na avaliação (dado o grande tamanho da CCR).

Embora reconheça a alocação de capital disciplinada da empresa, que pode gerar retornos positivos em novos projetos, o Goldman Sachs comenta que o tamanho atual do portfólio da empresa limita o espaço para impactos significativos de um único projeto. Ou seja, segundo estimativas do banco, para cada R$ 10 bilhões investidos em capex, isso potencialmente levaria a um valor presente líquido (VPL) representando 4% da capitalização de mercado atual da CCR, implicando assim um risco limitado de alta proveniente de novos projetos.

Do ponto de vista da avaliação, o banco nota que a empresa atualmente oferece um prêmio em relação aos retornos de títulos indexados à inflação no Brasil, em grande parte em linha com o histórico, o que, na opinião do banco, limita o espaço para uma reavaliação significativa.

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Com uma combinação de crescimento do lucro líquido abaixo da média histórica nos próximos anos com múltiplos P/L ligeiramente acima da média histórica para 2024 e 2025, os analistas optaram por rebaixa ação da WEG para venda.

Além disso, eles destacam que a ação recentemente superou outros nomes de infraestrutura e industriais, refletindo seu aspecto defensivo em um ambiente macroeconômico incerto.

O Goldman Sachs acredita que essa desaceleração no crescimento pode ser atribuída a alguns fatores, entre eles: i) a empresa atualmente é muito maior do que antes da pandemia, o que torna mais desafiador crescer no mesmo ritmo de antes da pandemia; ii) durante a pandemia, a empresa se beneficiou de seu modelo verticalizado, enquanto os concorrentes enfrentavam restrições na cadeia de suprimentos, o que permitiu à empresa ganhar participação de mercado em um ritmo ainda mais rápido; iii) a empresa viu um crescimento relevante no segmento de renováveis, com a geração solar impulsionando um crescimento significativo nos últimos anos, mas agora esses segmentos estão mais maduros e, portanto, devem experimentar menos crescimento; e iv) a exposição da WEG a receitas no exterior também levou a um impacto positivo da forte desvalorização do real vista durante a pandemia e, portanto, caso não ocorra mais nenhuma disrupção, o vento favorável nas receitas de uma desvalorização do real é limitado.

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