Os ventos mais favoráveis para o mercado de debêntures incentivadas ajudaram a impulsionar a captação de fundos que alocam nesse tipo de título, especialmente de gestoras ligadas a bancos. A demanda foi tanta que, agora, alguns estão fechando para novas captações.
Assets ligadas a bancos puderam se preparar para esse fluxo com mais agilidade pela proximidade com outros canais dentro mesmo grupo financeiro, responsáveis pela emissão de Letras de Crédito do Agronegócio (LCAs) e Imobiliário (LCIs), que tiveram emissões restringidas no começo do ano.
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A Santander Asset, por exemplo, aumentou a capacidade dos fundos para surfar o boom de entradas em fundos de debêntures incentivadas após prever um incremento nos fluxos, como explica Guilherme D’Aurea, gestor dos fundos de crédito privado da casa.
Em fevereiro, o Conselho Monetário Nacional (CMN) alterou os prazos de resgate para LCIs e LCAs, que agora estão em 9 meses e 12 meses, respectivamente, quando o título não tiver uma atualização anual por índice de preços. Antes, o resgate podia ser feito com três meses.
As mudanças levaram a uma diminuição das emissões de ambos os títulos e, consequentemente, a um aumento da busca por possíveis substitutos, como os fundos de debêntures incentivadas, na visão de investidores. Após forte procura, a Santander Asset foi uma das casas que encerrou fundos para novos aportes. Foram dois produtos, um deles com duas versões, com e sem hedge (proteção) no CDI.
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“Fazemos isso de maneira recorrente. É uma questão de previsibilidade e de passivo, ao olhar o que tem contratado e o que tem de resgate. Optamos pela oxigenação dos ativos e pela estratégia em termos de carrego e de diversificação”, afirmou Michelle Lauande, gestora dos fundos de infraestrutura na Santander Asset.
Outra gestora que optou pelo mesmo caminho foi a Itaú Asset: suspendeu novas aplicações para o Itaú Debêntures Incentivadas CDI. Questionada pela reportagem, a gestora disse apenas que a medida buscou “preservar valor para os cotistas atuais do fundo e que a decisão foi “estratégica”. A casa, porém, afirmou que manteve a captação em outros produtos focados em debêntures incentivadas.
Spreads mais “amassados”
Além da forte aceleração no volume de captação, a Sparta justifica o fechamento de um fundo de debêntures incentivadas em abril por conta dos spreads (juros adicionais que um título de crédito apresenta em relação ao dos títulos públicos) mais baixos oferecidos nas ofertas primárias – ou como se diz no jargão do mercado: mais “amassados”.
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“Fizemos esse freio. Está tendo muita oferta, mas não está vindo na ‘taxa certinha’. Os spreads [no primário] estão menores do que no secundário e tem sobrado papel na mão dos coordenadores das ofertas”, observa Ulisses Nehmi, CEO da casa.
O executivo acredita que as ofertas primárias estruturadas após a medida do CMN foram precificadas “na base da euforia”, já que as empresas pensaram que haveria muito mais demanda por esse tipo de papel, diante das restrições e do menor volume de emissões de outros ativos isentos, como Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRAs) e Imobiliário (CRIs), além de LCIs e LCAs.
“Outros gestores estão tomando essa atitude e não vão alocar. Trazer o carrego do fundo para baixo e estar alocado numa taxa menor tende a se materializar em um desempenho ruim”, lembra Nehmi.
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Produtos competitivos e forte volume de ofertas
Mas há quem ainda defenda que é cedo para frear novos aportes em fundos, caso da Bradesco Asset. Victor Tofolo, chefe de gestão de crédito high grade (maior risco e retorno) na casa, ressalta que o volume de ofertas de debêntures incentivadas chegou a R$ 32,5 bilhões no acumulado do ano até abril e que os produtos têm se mostrado bem competitivos.
Dentro da Bradesco Asset, os fundos de debêntures incentivadas, por exemplo, foram os que mais tiveram captação após as mudanças impostas pelo CMN. Entre os fatores que ajudaram a impulsionar o fluxo positivo está também a janela mais favorável de retornos dos produtos nos últimos 12 meses.
“Esse é um ponto de extrema importância. Olhando para frente, vemos retornos mais próximos dos carregos médios das carteira, entre CDI+0,25% e CDI+0,50%, contra um retorno de CDI+8% antes”, diz Tofolo, que reforça: a maior parte do grande fechamento dos spreads já ocorreu.