A história de uma jovem de 29 anos, Bruna Machado, 29 anos, de Olinda, Pernambuco é muito comovente. Ela estava grávida de três bebês, estava empolgada com a gestação de trigêmeas e diz “Quatro crianças e quatro anjos”.
Bruna é coach de emagrecimento, ao ficar grávida, estava realizando seu grande sonho para aumentar a família. Mãe de Guilherme, 11, Yan, 8, Alice, 6, e Ayla, 2 anos, sofreu uma grande baque, a perda de suas 3 bebês.
Em entrevista à Revista Crescer, essa mãe desabafou tudo o que sente; “Sou mãe de oito. Quatro estão comigo e outros quatro são anjos. Meu primeiro anjo nasceu com 25 semanas e faleceu após 55 dias de UTI. E esse ano, engravidei de trigêmeas idênticas, mas elas partiram com 18 semanas. Pude vê-las, segurar no”.
A perda foi grande, ela entende que precisa seguir em frente, pois tem outros filhos que precisam dela, mas o sonho de ter mais filhos continua, como ela explicou;
“Tive uma infância um pouco complicada. Minha mãe me teve muito nova e eu fui criada pela minha avó. Ainda na infância, fui abusada sexualmente. Por causa disso, sempre guardei muita mágoa e culpei minha mãe. Acreditava que se ela tivesse cuidado de mim, isso não teria acontecido. Então, desde cedo, sempre tive o desejo de ter uma família grande, muitos filhos, cuidar deles, fazer reuniões familiares, reunir todos em datas comemorativas… Todas essas coisas que nunca tive. O tempo passou e quando completei 18 anos, engravidei de um namorado. Como ele não tinha maturidade, decidi terminar a relação. Tive Guilherme na casa de uma tia, no Rio de Janeiro, e, quando ele completou 3 meses, voltei para Olinda. Quando cheguei aqui, o pai não quis aproximação, apesar de pagar pensão, então seguimos a vida.
Quando meu filho tinha 1 ano, conheci meu marido e, por ele ser moreno, sofremos muito com preconceito racial por parte da minha família. Com dois meses de namoro, minha avó queria que eu terminasse ou saísse de casa. Como ele já trabalhava e morava sozinho, meu filho e eu fomos morar com ele. Assim, poucos depois, engravidei do Gabriel — o meu primeiro ‘bebê anjo’. Na época, eu trabalhava muito, acabei pegando uma infecção urinária e não sabia que era algo grave, Não retornei para fazer novos exames após o tratamento e, dias depois, meu bebê parou de mexer. Tive um sangramento e cheguei ao hospital já em trabalho de parto. Com 25 semanas, os médicos fizeram de tudo pra impedir, mas a bolsa estourou e Gabriel nasceu prematuro. Os médicos avisaram que as chances de ele sobreviver eram pequenas. Foram 55 dias dentro de uma UTI neonatal. Eu morei dois meses em um hospital e Guilherme ficou com a minha avó. Gabriel estava indo bem, mas, de repente, teve uma parada cardíaca atrás da outra. Foi um momento de extrema dor. Ele nasceu no dia 4 de março e morreu no dia 26 de abril, nos meus braços. E eu, muito jovem, já estava passando pela perda de um filho.
Mesmo com a perda, continuei querendo tentar novamente. Meu marido ficou resistente em ter outro filho, mas eu falei que queria. Foram dois meses absorvendo tudo o que tinha acontecido. Cheguei a ter síndrome do pânico, mas comecei a me fortalecer através da minha fé e procurei apoio com pessoas que tinham passado pela mesma perda. Cinco meses depois, engravidei de Yan. Quando descobri que era um menino, o brilho voltou pra minha vida. Ele nasceu praticamente um ano depois da partida de Gabriel. Depois, ainda vieram Alice e Ayla. Eu sempre me vi mãe, sempre quis isso pra mim. Eu queria a família que eu idealizava, aquela família grande e unida. Então, no ano passado, falei pro meu marido que queria engravidar novamente. Queria ser mãe de cinco. Depois disso, ele poderia fazer vasectomia, e ele concordou.
Em janeiro, então, descobri que estava grávida. Foi uma alegria! Quando fui fazer minha primeira ultrassom, eu estava com menos de 6 semanas e não foi possível ouvir o batimento cardíaco. Retornei em alguns dias, e ao fazer o exame novamente, a médica logo perguntou se eu tinha caso de gêmeos na família. Então, ela falou que dentro do meu útero não tinha apenas um bebê… Nessa hora, quase caí da maca! Afinal, eu já tinha quatro filhos e só queria mais um. Em seguida, ela disse: ‘Na verdade, não tem um só, tem três bebês!’ E aí o chão quase se abriu pra mim! Foi um susto! Eu sabia que a gravidez de múltiplos era difícil, então, remarquei os exames pra acompanhar direitinho.
Na semana seguinte, descobri que um dos bebês tinha parado de se desenvolver. No entanto, os outros dois estavam bem. A gestação seguiu, mas, com doze semanas, fomos informados sobre a suspeita de Síndrome da Transfusão Feto-Fetal (STFF) — uma complicação que pode ocorrer nas gestações de gêmeos quando os dois bebês estão dividindo a mesma placenta, porém, estão em bolsas diferentes. Por causa disso, uma das bebês — sim, eram meninas — estava com uma restrição de crescimento. Com o passar do tempo, o diagnóstico foi confirmado. O médico já estava me avisando, nessa época, que se elas chegassem até as 18 semanas, eu passaria por um procedimento para colocação de um pessário — que é um dispositivo que tem a mesma eficácia que a cerclagem, porém, menos invasivo. Quando completei 18 semanas, Laura estava muito bem, mas Luísa, não. Laura estava com quase o dobro do peso de Luísa. Nesse momento, fui avisada que as chances de Laura sobreviver eram de 80%. Já Luísa, tinha 95% de chances de não resistir.
Fui para a cirurgia e, durante o procedimento, sofri uma hemorragia. Na recuperação, as meninas pareciam estar bem, estavam se mexendo, mas a primeira semana ainda seria decisiva, de adaptação. No entanto, dois dias depois, os batimentos pararam. Foi muito difícil. Eu tinha três e, de repente, não tinha mais nenhuma! Eu já tinha tudo preparado. Como o obstetra afirmou que após o procedimento eu precisaria fazer repouso total, antecipei o enxoval. Tinha roupinhas e fraldas para prematuros. Eu sempre acreditei, sempre tive muita fé de que tudo daria certo… Mas quando veio a notícia, eu não conseguia acreditar! Então, passei por uma indução, entrei em trabalho de parto, tive dilatação e as meninas nasceram. Tive uma grande hemorragia. Mas a médica ainda perguntou se eu queria vê-las, eu falei que sim. Eu as vi, peguei elas no colo, cantei, orei, pude me despedir. Vi aquelas meninas ali, prematurinhas, perfeitas. Foi muito pesado passar por tudo. Ouvir bebês chorando na maternidade, sabendo que minha gravidez havia acabado ali, que eu iria sair de lá com os braços e o útero vazios.