Depois de acumularem o pior nível de endividamento líquido dos últimos dez anos em 2022, de R$ 10,44 bilhões, o nível de dívida dos clubes brasileiros de futebol caiu para R$ 9,53 bilhões no ano passado, segundo levantamento feito pela consultoria Ernst & Young.
O montante considera a dívida dos 31 principais times do país, entre os clubes que estiveram na série A e B do Campeonato Brasileiro de 2023.
Segundo a consultoria, o destaque no recuo da dívida líquida ficou para o Fortaleza, que conseguiu reduzir seus débitos em 80% e encerrou 2023, com R$ 6,6 milhões no vermelho, o menos endividado entre todos os times. Outros clubes que apresentaram redução nos valores foram o Flamengo (75%) e o Atlético-MG (48%).
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44% do total de endividamento líquido de 2023 se concentrou em cinco clubes: Botafogo (R$ 1,03 bilhão), Corinthians (R$ 886 milhões), Atlético-MG (R$ 824 milhões), Vasco (R$ 749 milhões) e São Paulo (R$ 667 milhões).
O estudo da EY foi elaborado a partir de análises de demonstrações financeiras disponibilizadas pelos clubes em portais eletrônicos próprios ou de federações estaduais. Os dados contemplam um período de 10 anos e apontam que o endividamento líquido dos times brasileiros somava R$ 6,55 bilhões uma década atrás.
Raio-x das dívidas
Em 2023, o Corinthians apresentou o maior endividamento tributário entre os clubes do levantamento: R$ 602 milhões. Já o Botafogo tem uma grande pendência com empréstimos, que chega em R$ 429 milhões.
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Embora esses clubes estejam no topo do ranking das dívidas, eles não apresentam uma relação endividamento líquido x receita total de múltiplos altos. Ou seja, o volume de arrecadação financeira dos clubes é maior do que o endividamento total.
O Corinthians, por exemplo, apresentou um múltiplo de 0,95 vezes no ano passado, pouco menor do que o 0,98 vezes do São Paulo e muito acima do 0,58 vezes do Palmeiras.
Os maiores endividados em relação aos seus faturamentos são: Coritiba (2,06 vezes), Vasco (2,06 vezes), Atlético-MG (1,88 vezes), Botafogo (1,81 vezes) e Bahia (1,76 vezes).
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Receitas
As receitas totais dos clubes analisados pela E&Y apresentaram evolução de 123% em dez anos, considerando a inflação do período. O total chegou a R$ 11,1 bilhões em 2023 – uma alta de 32% em relação a 2022. A principal fonte de faturamento dos clubes é com os direitos de transmissão dos jogos, que representam 45% da receita total.
O Flamengo ficou na liderança de receitas pelo 3º ano consecutivo e apresentou um faturamento recorde em 2023, ao chegar em R$ 1,37 bilhão. Corinthians e Palmeiras aparecem na sequência, com ganhos de R$ 937 milhões e R$ 927 milhões, nessa ordem.
O Fluminense, campeão do Campeonato Carioca e da Copa Libertadores em 2023, teve um aumento de 100% no seu faturamento entre 2022 e 2023, somando R$ 694 milhões.
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Veja os números de destaque dos clubes brasileiros:
Clube | Receita total (R$- milhões) | Dívida líquida (R$- milhões) | Dívida líquida x Receita total |
Flamengo | 1.374 | 63 | 0,05 |
Corinthians | 937 | 886 | 0,95 |
Palmeiras | 927 | 537 | 0,58 |
Athletico* | 721 | – | – |
Fluminense | 694 | 597 | 0,86 |
São Paulo | 681 | 667 | 0,98 |
Internacional | 635 | 519 | 0,82 |
Botafogo | 569 | 1.032 | 1,81 |
Red Bull Bragantino | 488 | 408 | 0,84 |
Grêmio | 480 | 526 | 1,10 |
Atlético-MG | 439 | 824 | 1,88 |
Santos | 424 | 606 | 1,43 |
Fortaleza | 382 | 6,6 | 0,02 |
Vasco | 364 | 749 | 2,06 |
Bahia | 240 | 422 | 1,76 |
Fonte: Relatório Levantamento Financeiro dos Clubes Brasileiros 2023, da Ernst & Young. Divulgado em maio de 2024.