Ao divulgar na semana passada o balanço “surpreendente” do primeiro trimestre deste ano, a Nvidia (NVDC34) anunciou duas novidades: o acréscimo de 150% no pagamento de dividendos – que vai passar de US$ 0,04 para US$ 0,10 por ação – e o desdobramento dos papéis em dez.
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Esse desdobramento significa que uma ação da companhia, negociada em US$ 1.064 na terça-feira (28), será dividida em dez, e cada uma vai valer US$ 106,40. A cisão, que deve ajudar a empresa a atrair investidores de varejo, começa a valer no dia 10 de junho.
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Após a divisão, cada ação resultante receberá o equivalente a US$ 0,01 em provento. Conforme a empresa, os pagamentos serão feitos no dia 28 de junho. É preciso estar nos registros da Nvidia até o dia 11 do próximo mês, que é a “data com”, data limite para ter direito à distribuição.
Além de receber dividendos comprando ações da Nvidia em corretoras, os brasileiros também podem ter renda passiva ao adquirir recibos de ações (BDRs) da big tech na Bolsa. Os BDRs são certificados emitidos por empresas em outros países, mas que são negociados no pregão da B3.
Um BDR, no entanto, não replica sua ação-referência inteira, mas apenas uma fração. A paridade entre o papel da Nvidia e seu recibo brasileiro, negociado a R$ 115 nesta terça, é de 1:47. Ou seja, para ter uma ação completa do negócio líder na corrida pela inteligência artificial (IA), o investidor local precisaria comprar 47 BDRs.
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Ações versus BDRs
O BDR passa por uma série de etapas que podem afetar o montante recebido pelo investidor. São elas: imposto de 30% sobre os proventos; conversão de dólar para reais, que envolve taxa de câmbio e IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) de 0,38%; e taxa de 2% do banco depositário que faz a intermediação da emissão do BDR.
No caso dos dividendos que pingam diretamente da ação, o investidor precisa apenas pagar o imposto. Somente terá que arcar com IOF e taxa de câmbio se decidir converter o valor para reais. Já a taxa bancária é substituída por uma tarifa de serviço das contas internacionais, que varia entre 1% e 3%.
O InfoMoney pediu para o planejador financeiro Marlon Glaciano simular quanto R$ 5.000 investidos em ações da Nvidia ou BDRs rendem em dividendos. O especialista levou em consideração o período dos últimos cinco anos para fazer o cálculo.
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Rendimento de R$ 5 mil em dividendos da Nvidia com ações no exterior:
Aporte único em NVDA (2019) | US$ 1.241,63 |
Preço da ação (2019) | US$ 35,83 |
Quantidade de ações* | 34,65 |
Dividendo por ação em cinco anos** | US$ 0,80 |
Dividendos totais em dólar em cinco anos | US$ 27,72 |
Dividendos totais em reais em cinco anos *** | R$ 142,49 |
*Nos EUA é possível comprar ações fracionadas
**Considera o total de dividendos pagos pela Nvidia em cinco anos, já descontado o IR de 30% dos EUA.
*** Simula conversão do valor acumulado em cinco anos, se convertido em 2024, a um IOF de 0,38%, taxa de banco de 2% e taxa de câmbio de R$ 5,11.
Rendimento de R$ 5 mil em dividendos da Nvidia com BDRs:
Aporte único em NVDC34 (2019) | R$ 4.997,77 |
Preço do BDR (2019) | R$ 3,11 |
Quantidade de BDRs | 1607 |
Dividendo por BDR em cinco anos* | R$ 0,08 |
Dividendos totais em cinco anos | R$ 123,70 |
*Nos EUA é possível comprar ações fracionadas
**Considera o total de dividendos pagos pela Nvidia em cinco anos, já descontado o IR de 30% dos EUA, o IOF de 0,38%, a taxa do banco depositário e a taxa de câmbio correspondente a cada pagamento.
Qual escolher?
Gerson Brilhante, analista da Levante Inside Corp, disse que investir em BDRs é mais simples, pois é feito via corretoras brasileiras, sem a necessidade de abrir contas no exterior. Por outro lado, falou, alocar diretamente oferece acesso ao mercado estrangeiro, o que dá ao investidor a possibilidade de aproveitar plenamente as variações de preço e volumes de negociação.
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Gustavo Cruz, estrategista da RB Investimentos, falou que via ação internacional o investidor vai ter que fazer algum movimento cambial, enquanto os BDRs já são negociados em real. Para ele, a vantagem dos papéis gringos também é a ampla variedade, diferentemente dos BDRs, que são bastante limitados.
Já Guilherme Morais, analista da VG Research, afirmou que sempre recomenda exposição ao dólar. “Investir diretamente é melhor, salvo algum planejamento sucessório ou alguma dificuldade que o investidor tenha para acessar o mercado externo. Só nesses casos, bem particulares, a gente acredita que o BDR possa ser mais interessante”.