A China, que não participará de uma cúpula no fim de semana sobre um plano de paz para a Ucrânia, tem feito lobby junto aos governos por seu plano alternativo, disseram 10 diplomatas, sendo que um deles chamou a campanha de Pequim de “boicote sutil” à reunião global na Suíça.
Noventa Estados e organizações se registraram para participar da cúpula no sábado e no domingo no resort alpino de Lucerna, que buscará construir apoio para as propostas de paz do presidente ucraniano Volodymyr Zelensky, incluindo a retirada total das tropas russas da Ucrânia.
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Moscou, que não foi convidada para Lucerna, classificou a reunião como fútil. A China, que tem laços estreitos com a Rússia, disse que não estará presente na conferência porque ela não atende às exigências de Pequim, incluindo a participação da Rússia.
China e Rússia proclamaram uma parceria “sem limites” poucos dias antes de o presidente Vladimir Putin ordenar a invasão do vizinho menor da Rússia em fevereiro de 2022. Pequim afirma que é neutra no conflito e não forneceu armas ou munição a Moscou.
Depois que a China disse que não iria à cúpula de Lucerna, Zelensky acusou Pequim de ajudar Moscou a minar a reunião, uma acusação que o Ministério das Relações Exteriores da China negou.
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Ucrânia, Estados Unidos e outros governos ocidentais fizeram um forte lobby para que a China participasse das negociações, pois buscam legitimidade para a cúpula e um amplo consenso sobre um roteiro para um futuro processo de paz.
Nas conversas com os países em desenvolvimento, a China não criticou abertamente a cúpula suíça nem pediu diretamente aos países que se abstivessem, disseram à Reuters os diplomatas baseados em Pequim.
Mas um deles, que foi informado sobre a abordagem, afirmou que Pequim disse às nações em desenvolvimento que a reunião prolongaria a guerra, enquanto dois diplomatas com conhecimento direto do assunto disseram que a China tem dito às nações ocidentais que muitos países em desenvolvimento estão alinhados com suas opiniões sobre a conferência.
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Os diplomatas pediram para não serem citados porque não estavam autorizados a discutir o assunto delicado com a mídia.
Em resposta às perguntas da Reuters, o Ministério das Relações Exteriores da China disse que sua posição em relação à conferência suíça era “justa, equitativa e aberta”.
“A China tem estado em estreita comunicação com as partes relevantes, incluindo a Suíça e a Ucrânia, e incentiva a participação igualitária de todas as partes na conferência, bem como a discussão justa de todos os planos”, afirmou o porta-voz Lin Jin nesta sexta-feira.
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A porta-voz do Ministério Mao Ning disse na semana passada: “A China espera sinceramente que uma conferência de paz não se transforme em uma plataforma usada para criar um confronto entre blocos. O fato de não participar da conferência não significa não apoiar a paz”.
Ao explicar por que não participará na cúpula, a China tem tentado recrutar nações em desenvolvimento para aderir ao plano de paz de seis pontos que emitiu com o Brasil no mês passado.
A proposta apela a uma conferência internacional de paz “realizada num momento adequado que seja reconhecido tanto pela Rússia como pela Ucrânia, com participação igual de todas as partes, bem como uma discussão justa de todos os planos de paz”.