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Analistas de mercado revisam ativos no México após sell-off com eleições

Os investidores não reagiram bem no início da semana aos resultados das urnas no México, com o peso mexicano caindo 3,8% na segunda-feira, registrando a pior queda em um dia desde junho de 2020, enquanto o índice de ações de referência do México caiu 6,1%, maior baixa desde o início da pandemia.

A forte queda dos ativos mexicano ocorreu em meio à visão de conquista da maioria qualificada de dois terços do Congresso pelos partidos de esquerda, que permitiria um avanço sem obstáculos de reformas na Constituição propostas pelo atual presidente Andrés Manuel López Obrador em fevereiro.

Esses projetos incluíam planos para reduzir o número de parlamentares e permitir a eleição direta de ministros da Suprema Corte. As mudanças sugerem ainda a eliminação de reguladores independentes, como a comissão antitruste, bem como o estabelecimento de novas obrigações previdenciárias e aumentos obrigatórios do salário-mínimo.

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Segundo operadores do mercado, tal resultado pode minar o apetite por ativos do México, incluindo o peso, que vinha sendo uma das principais moedas em termos de desempenho este ano em relação ao dólar.

Apesar de enxergar algumas oportunidade de alocação de longo prazo, o Bradesco BBI acredita que esta não é uma situação de compra generalizada e que as eleições representam uma mudança fundamental na política do México, uma vez que uma esmagadora maioria de mexicanos deu todas as chaves do governo ao MORENA (Movimento de Regeneração Nacional), partido da nova presidente do México, Claudia Sheinbaum. O banco explica que riscos relacionados com legislação adversa começarão formalmente assim que o novo Congresso iniciar a sua sessão em 1 de setembro. Haverá uma sobreposição de um mês com a administração de Obrador pouco antes dele entregar as rédeas a Sheinbaum em 1 de outubro.

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Dessa forma, segundo o BBI, será possível ter uma noção melhor de quão disposto o partido MORENA estará disposto a fazer mudanças. Nesse sentido, o banco recomenda continuar evitando setores regulamentados que possam estar sujeitos a ações do Congresso e de certas políticas federais, como bancos (nesta semana, o banco removeu o Banorte de seu portfólio recomendado), aeroportos, rodovias com pedágio, mineradoras e ferrovias.

Por outro lado, o BBI acredita que a “melhor forma de operar neste período volátil é através do consumo, com aposta em empresas como Walmex, Gruma e Alfa”. A Walmex, Walmart do México, teve queda de 6% na segunda, colocando avaliações Preço/Lucro para este nome de alta qualidade em termos atrativos, aponta o banco. Já a Gruma, líder mundial na produção de farinha de milho e tortilha, com o seu negócio denominado em dólares americanos, é um negócio altamente defensivo e apresenta um desempenho superior. A Alfa, empresa multinacional líder na indústria alimentícia, por sua vez, foi relativamente resiliente, caindo 4,5% com o seu grande negócio de consumo e proposta de valor.

A Bolsa Mexicana também está negociando de forma atraente, especialmente depois da correção de 6% na segunda. “Além disso, com uma parte da sua receita dolarizada e uma elevada percentagem de receitas recorrentes, a Bolsa deverá mostrar-se resiliente e beneficiar da volatilidade atual”, destaca.

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O Bradesco BBI ainda espera que esta correção oferece um bom ponto de entrada para operações de nearshoring (estratégia industrial que envolve a realocação de fábricas e produção para países vizinhos) de alta qualidade, como administradora de imóveis logísticos Fibra Prologis, com seus ativos de alta qualidade e potencial de consolidação. O Fibra UNO também oferece um perfil de risco-recompensa atraente, “mas certamente não é para os tímidos”.

O Itaú BBA acredita que os players mais seguros para preservar a exposição ao mercado mexicano seriam empresas de consumo e empresas com exposição significativa a moedas estrangeiras. Além do setor de consumo oferecer um ponto de entrada atrativo após a liquidação, a execução continua forte localmente, e também há potencial para que os resultados em pesos sejam mais fortes agora, após alguma depreciação da moeda. “É difícil entender a liquidação no setor de consumo, a não ser como em função dos investidores cortando sua exposição ao México sem levar em conta os fundamentos ascendentes desse setor”, destaca. O Itaú BBA argumenta que algumas das políticas que o novo governo poderia implementar beneficiariam a maioria dos clientes dessas empresas e, portanto, resultariam em maiores vendas mesmas lojas (SSS, na sigla em inglês) e receitas localmente, além de seus resultados em pesos mexicanos se beneficiando de suas operações no exterior. Com isso, Arca e Walmex continuam sendo suas principais opções para exposição em tempos de incerteza. O BBA também avalia que a ASUR, administradora de aeroportos, parece ser uma forma interessante, embora um pouco arriscada, de se expor ao México após a queda da última segunda-feira, vendo como improváveis mudanças nas concessões aeroportuárias após as revisões do ano passado.

Com relação ao setor de telecomunicações, o Itaú BBA comenta que a independência do IFT (Instituto Federal de Telecomunicações) do poder executivo pode estar em risco. A presidente eleita Claudia Sheinbaum sinalizou a intenção de manter uma agenda que possa acabar com reguladores autônomos, incluindo o IFT. O programa Internet para Todos, que se baseia na estatal CFE para implantar acesso à internet em áreas carentes, deve continuar sob o novo governo, mas há preocupação de uma competição desleal para as operadoras de telefonia móvel estabelecidas. O BBA vê risco regulatório para América Móvil, empresa de telecomunicações mexicana dona da Claro.

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Acompanhando a movimentação do BBI, o Morgan Stanley rebaixou a recomendação para ações do banco Banorte de equivalente à neutro para venda, devido ao provável crescimento mais lento, menor visibilidade dos lucros e maior taxa de desconto. O banco acredita que a oferta e a procura de crédito poderão sofrer com a menor confiança empresarial e, em última análise, com um crescimento econômico mais lento. O Morgan Stanley também optou por ações de setor mais defensivos, que se beneficiam do peso mexicano mais fraco, além de obterem uma parte substancial das receitas fora do México e são alavancadas por temas seculares.

Do lado dos bens de consumo básico, aumentou sua posição relativa na Walmex e FMX. Em Alimentos e Bebidas, adicionou Bimbo, Koful, Gruma e Cuervo. No setor de telecomunicações, aumentou a exposição à América Móvil.

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