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Segmentos mais ligados ao crédito foram destaque nas vendas do varejo em abril

O comércio varejista brasileiro manteve em abril o comportamento positivo observado durante o primeiro trimestre, embora o volume de vendas no atacado de produtos alimentícios, bebidas e fumo, tenha mostrado queda no mês. Um destaque do indicador do IBGE, segundo economistas, foi reaquecimento de setores mais ligados ao crédito, como automóveis, móveis e eletrodomésticos e materiais de construção.

As vendas no varejo no conceito restrito cresceram 0,9% em abril, abaixo do esperado pelos analistas, que era um crescimento de 1,7%. Das oito atividades pesquisadas, cinco apresentaram crescimento no mês.

André Valério, economista sênior do Inter, destaca em análise que, em termos de contribuição para o resultado, o principal segmento foi o de supermercados, com variação de +1,5%, seguido de combustíveis. “Portanto, boa parte do crescimento no mês veio pelo lado da oferta e de itens de consumo essenciais, como alimentos, combustíveis e medicamentos”, comenta. “De modo geral, o varejo tem sido uma surpresa positiva em 2024, afirma.

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Ele cita que, no lado da demanda discricionária, apenas móveis e eletrodomésticos tiveram alta, de 2,4% no mês, com vestuário e papelaria tendo variação negativa de 0,7% e 0,4%, respectivamente, enquanto outros itens de uso pessoal ficaram estável no mês.

Considerando a versão ampliada, o varejo recuou 1% no mês, mesmo com alta de 1,6% na venda de veículos e de 1,9% nos materiais de construção, o que sugere, segundo Valério, que o grupo de venda no atacado de produtos alimentares teve variação consideravelmente negativa no mês.

No ano, o setor varejista acumula alta de 4,9%, maior valor para o período desde 2014, com o bom desempenho do mercado de trabalho e a melhora, na margem, do mercado de crédito, contribuindo para o desempenho do setor, compara o economista.

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De acordo com nossas estimativas do Inter, os componentes do varejo mais sensíveis à renda, logo, mais sensíveis à massa salarial, cresceram 1,1% no mês, e os componentes mais sensíveis ao crédito avançaram 2,5% no mês. “Nesse sentido, a mudança recente na postura do banco central, que irá manter uma política monetária mais restritiva que o antecipado, deverá ser um empecilho à continuidade do crescimento no setor”, alerta.

Para a XP, embora o dado final tenha vindo abaixo do estimado pelos analistas,  a repartição do setor varejista foi positiva. “Por exemplo, as vendas de veículos permaneceram em uma tendência de crescimento sólido e as vendas de materiais de construção se recuperaram após três meses de números fracos”, diz o relatório.

Segundo o texto a surpresa de um dado inferior ao projetado em abril não muda a visão otimista para o consumo pessoal de curto prazo, uma vez que o mercado de trabalho está aquecido e as transferências fiscais continuam altas.

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“Os gastos pessoais com bens seguem em trajetória favorável, apesar da expectativa de desaceleração gradual após o salto registrado no 1º trimestre. A renda real disponível das famílias crescerá cerca de 5% este ano, de acordo com nossos cálculos. Prevemos que as vendas no varejo ampliado aumentem 4,5% em 2024, após o avanço de 2,4% observado em 2023.”

O Bradesco também destaca que o recorte da pesquisa mais associado ao crédito registrou um forte crescimento no mês (4,7%). “Isso deixa um carregamento estatístico de 4,7% para o trimestre encerrado em junho. O resultado de hoje deixou também um carregamento de -1,2% para o varejo mais associado à renda”, pondera o banco.

O Bradesco comenta, mesmo com a queda no atacarejo em abril, ainda é cedo para apontar alguma fragilidade do consumo, em especial diante de um mercado de trabalho bastante aquecido. “No próximo mês, as vendas devem sofrer o impacto das enchentes no Rio Grande do Sul, o que pode aumentar a volatilidade do dado.”

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Para Claudia Moreno, economista do C6 Bank, apesar da queda do varejo ampliado em abril, o comércio ainda deve contribuir positivamente para o crescimento da atividade econômica note ano. A projeção do banco digital é que a PMC de 2024 tenha um aumento de 2,7%.

“Vale lembrar que a pesquisa de abril ainda não captou o impacto das enchentes no Rio Grande do Sul para a atividade econômica. Teremos mais clareza sobre as consequências da tragédia ambiental na próxima pesquisa. Por ora, projetamos crescimento de 0,9% para o PIB do 2º trimestre e de 2,2% para o ano.”

Igor Cadilhac, economista do PicPay, comenta que, olhando à frente, a perspectiva para 2024 ainda é que o mercado de trabalho aquecido, a regra de valorização do salário-mínimo e a inflação comportada devam contrabalançar um juro real ainda elevado.

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“Projetamos uma alta de 1,8% para o varejo ampliado neste ano. Com os números de atividade de abril fechados, estimamos que os avanços dos serviços e do varejo devam contrabalançar o recuo na indústria. Sendo assim, projetamos um Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) de 0,8% no mês.”

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