De um lado, um alto-falante gigante tocando músicas do grupo de k-pop BTS. Do outro, balões carregando esterco, bitucas de cigarro e lixo eletrônico. A guerra psicológica entre as Coreias do Norte e do Sul pode parecer esquete de programa de humor, mas especialistas temem que as tensões aumentem a ponto de desencadear um novo conflito entre os países.
“Neste momento, ambas as Coreias tentam dissuadir uma à outra com ações politicamente simbólicas. O problema é que nenhum dos lados quer ser visto recuando, e as tensões na fronteira podem escalar para um conflito não intencional”, diz Leif-Eric Easley, professor da Universidade Ewha, à agência de notícias AP.
As hostilidades começeram com civis jogando pen drives com sucessos do k-pop, doramas (novelas sul-coreanas) e panfletos contra Kim Jong-un dentro da fronteira da Coreia do Norte. No último domingo (9), o próprio governo da Coreia do Sul resolveu reposicionar seus alto-falantes na fronteira para transmitir propaganda contra o vizinho.
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Segundo a AP, as transmissões incluíram hits da banda BTS, como “Butter” e “Dynamite”, além de notícias sobre a Samsung – maior empresa sul-coreana – e críticas ao programa de mísseis da Coreia do Norte.
O governo sul-coreano confirmou que se tratava de uma retaliação às centenas de balões com lixo que chegaram pela fronteira do norte. A Defesa da Coreia do Norte confirmou que 15 toneladas de rejeitos foram enviadas ao país vizinho para dar uma amostra de como é “desagradável” lidar com o “lixo” do outro país.
Segundo a Coreia do Sul, o país do norte também reinstalou seus próprios alto-falantes de propaganda perto da fronteira, mas até a manhã desta terça-feira (11) não os ligou.
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Há preocupações de que a guerra psicológica entre as Coreias esteja aumentando os riscos de confrontos militares entre os países, que já deixaram claro que não seguem mais o acordo de redução das tensões assinado em 2018.
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Acirramento do conflito
A relação diplomática entre os dois países tem piorado a ponto de a Coreia do Sul se aliar com os Estados Unidos para avaliar uma resposta à ameaça nuclear da Coreia do Norte.
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Easley afirmou à AP que o “autoproclamado” status nuclear de Kim Jong-un é um trunfo para o país do norte, que lhe dá “excesso de confiança em sua capacidade de coagir”. Além disso, o professor acredita que a Coreia do Sul “tem mais a perder no caso de um confronto físico”, mesmo que tenha mais informações e capacidades militares pelo apoio de aliados.
No domingo (9), militares do Sul afirmaram que dispararam tiros de advertência depois que alguns soldados do Norte atravessaram a fronteira, segundo a agência de notícias sul-coreana Yonhap. Até o momento, a violação de território foi considerada não intencional, já que a região da Zona Desmilitarizada entre os países possui floresta densa, o que dificulta a identificação da linha da fronteira.
Entretanto, o porta-voz do exército sul-coreano afirmou que o país está pronto para retaliações imediatas e fortes, se forem atacados.
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As duas Coreias estão tecnicamente em guerra, já que o confronto da década de 1950 entre os países se encerrou com um armistício, não um tratado de paz. O acordo de 2018 pretendia reduzir as tensões na península e evitar uma escalada militar, principalmente ao longo da fronteira.