A economista Maria da Conceição Tavares morreu neste sábado (8) em Nova Friburgo, Rio de Janeiro, aos 94 anos. Um dos maiores brasileiros nomes do pensamento econômico desenvolvimentista, mais heterodoxo, ela era filiada ao PT desde 1994, foi professora titular da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), professora emérita da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e deputada federal pelo estado do Rio de Janeiro, de 1995 a 1999.
Ela deixa dois filhos, Laura e Bruno, dois netos, Ivan e Leon, e um bisneto, Théo. A causa da morte não foi divulgada.
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Tavares nasceu em Anadia, Portugal, em 1930, mas cresceu em Lisboa. Estudou engenharia na Universidade de Lisboa, mas posteriormente mudou para o curso de Ciências Matemáticas, formando-se em 1953. Em 1954, chega ao Brasil, em uma fuga da ditadura salazarista. Em 1957 adota a cidadania brasileira.
No mesmo ano em que consegue sua cidadania brasileira, começa a estudar Economia na Universidade do Brasil, hoje UFRJ. Logo após isso, ela trabalha no BNDES, entre 57 e 60, depois indo para o Grupo Executivo de Indústria Mecânica Pesada (Geimape), que deixa para ocupar um cargo na equipe do presidente Juscelino Kubitschek, onde ajudou a elaborar o histórico Plano de Metas.
Trabalhou ainda no escritório da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal), tendo sendo transferida para o Chile, onde lecionou, durante um período na Universidade do Chile. Ela fica por lá durante parte da ditadura militar brasileira, indo durante esse período também para Paris e para a Cidade do México.
Durante a década de 1980, Maria da Conceição Tavares se destacou como uma das figuras-chave na consultoria econômica do PMDB e se tornou professora no Instituto de Economia da Unicamp.
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Nessa universidade, ela teve um papel crucial na criação dos programas de mestrado e doutorado do departamento, sendo que vários de seus colegas mais próximos estavam envolvidos com o Ministério da Fazenda, contribuindo, por exemplo, para a formulação do Plano Cruzado, programa do governo Sarney. Fora isso, chegou a dar aulas para a ex-presidente do Brasil, Dilma Roussef.
Conceição, desde sempre, foi uma crítica voraz do neoliberalismo e defensora do “desenvolvimento econômico inclusivo”. Em parte, por conta disso, ela também foi contrária posteriormente ao Plano Real, que considerava muito liberal.
Entre as polêmicas envolvendo seu nome, também há o fato de ela, apesar de ligada ao PT, ter sido duramente contra a formatação do programa Bolsa Família. Para ela, a focalização seria uma experiência fracassada.
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Mais recentemente, a economista ganhou espaço entre os mais jovens, viralizando em redes como o TikTok. Suas falas duras, voz grossa e as críticas ao sistema vem atraindo a atenção dos mais novos.