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Taxas futuras de juros disparam e chance de corte na Selic fica menor

As taxas dos DIs dispararam mais de 40 pontos-base em alguns contratos nesta sexta-feira, 7, e a curva a termo praticamente apagou as apostas de que o Banco Central poderá cortar a Selic este mês, com os prêmios subindo após dados do mercado de trabalho nos EUA indicarem que o Federal Reserve pode cortar sua taxa de juros apenas uma vez em 2024, e não duas vezes como esperado antes.

No fim da tarde a taxa do DI (Depósito Interfinanceiro) para janeiro de 2025 — que reflete a política monetária no curtíssimo prazo — estava em 10,58%, ante 10,444% do ajuste anterior. A taxa do DI para janeiro de 2026 estava em 11,205%, ante 10,853% do ajuste anterior, enquanto a taxa para janeiro de 2027 estava em 11,58%, em alta de 42 pontos-base ante 11,165% do ajuste.

Entre os contratos mais longos, a taxa para janeiro de 2029 estava em 11,965%, ante 11,582%, e o contrato para janeiro de 2033 marcava 12,15%, ante 11,83%.

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Divulgação mais aguardada na semana, o relatório payroll indicou que foram abertas 272.000 vagas de emprego fora do setor agrícola em maio nos EUA, bem acima dos 185.000 postos de trabalho projetados por economistas consultados pela Reuters. As estimativas dos economistas variavam entre 120.000 a 258.000.

A leitura do mercado em um primeiro momento foi de que, com a economia aquecida como indicou o payroll, o Federal Reserve não terá espaço para cortar juros duas vezes ainda este ano, mas apenas uma vez.

Em reação, o rendimento do Treasury de dez anos saltou 10 pontos-base no minuto da divulgação, às 9h30, o que também impulsionou as taxas dos DIs no Brasil.

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A taxa do contrato para janeiro de 2027 — um dos mais líquidos — também saltou 10 pontos-base no minuto da divulgação, para depois continuar sua escalada.

No pico do dia, às 16h13, em meio à disparada de ordens de stop loss (parada de perdas), o DI 2027 marcou 11,780%, numa alta de 62 pontos-base ante o ajuste da véspera. As taxas de contratos de prazos mais longos, como o DI para janeiro de 2033, fecharam acima dos 12%.

Na curva a termo as apostas majoritárias eram de que, no atual cenário, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central não cortará neste mês a taxa básica Selic, hoje em 10,50% ao ano. Além disso, a curva precificava durante a tarde chances maiores de aumento da Selic no fim do ano — em setembro ou em novembro.

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De acordo com Lais Costa, analista da Empiricus Research, a curva traduzia o aumento dos prêmios de risco no atual cenário.

“Isso pode ser visto no mercado de opções de Copom. Qual a probabilidade de o BC subir a Selic em setembro? Na prática, é muito baixa. Mas se todo mundo pensar nessa possibilidade, há um aumento do custo (das opções), o que seria um aumento de probabilidade”, comentou. “Mas nem quem compra (as opções) está acreditando que o BC vai subir juros”, acrescentou, lembrando que muitas dessas apostas são feitas como proteção.

Em evento pela manhã em São Paulo, ao ser questionado sobre a possibilidade de o Banco Central elevar a Selic em função do aumento das expectativas de inflação, o diretor de Assuntos Internacionais e de Gestão de Riscos Corporativos da autarquia, Paulo Picchetti, disse que é “prematuro, por enquanto, falar nisso”.

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“Por enquanto, é prematuro. Agora, dado o compromisso, continua havendo uma extrema dependência de dados para tomarmos as decisões”, acrescentou, em referência ao compromisso do BC em conduzir a inflação para o centro da meta, de 3%.

No último relatório Focus, divulgado nesta semana, a projeção de inflação para 2025 subiu de 3,75% para 3,77%, acima dos 3% da meta, no quinto aumento consecutivo.

Entre os fatores quem vêm sendo citados por autoridades do BC para a elevação das expectativas estão o cenário externo, as preocupações em torno do equilíbrio fiscal brasileiro e dúvidas sobre a manutenção da meta de inflação em 3% e sobre a composição da cúpula da autarquia a partir de 2025.

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Em outro evento pela manhã, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, também voltou a abordar o recente aumento das expectativas de inflação.

“A gente entende que tem alguns fatores que influenciaram as expectativas de inflação que estão ligados a ruídos que aconteceram. A gente acha que o tempo vai jogar a favor do Banco Central, porque parte desses ruídos vão ser dirimidos ao longo do tempo”, disse.

Perto do fechamento a precificação da curva indicava 96% de chances de manutenção da Selic em 10,50% ao ano no encontro de junho do Copom do BC. Havia outros 4% de probabilidade precificados no sentido de que o colegiado poderá aumentar em 25 pontos-base a Selic este mês — uma probabilidade que apareceu no fim da tarde nesta sexta-feira.

Na quinta-feira, a probabilidade de manutenção estava em 88% e havia outros 12% precificados no sentido de corte da Selic.

Em São Paulo, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, concedeu entrevista a jornalistas à tarde e defendeu a medida provisória enviada ao Congresso que restringe a compensação de créditos tributários.

Segundo ele, a resistência contra a MP vai se dissipar conforme haja maior compreensão da intenção do governo de reduzir gastos tributários. Haddad afirmou ainda que o governo poderá eventualmente fazer um contingenciamento de despesas orçamentárias no ano para assegurar o cumprimento das regras fiscais.

Durante a entrevista de Haddad, as taxas dos DIs atingiram seus picos no dia, assim como as cotações do dólar, em meio ao mal-estar no mercado em relação ao cenário fiscal e ao ambiente externo.

Às 16h56, o rendimento do Treasury de dez anos –referência global para decisões de investimento– subia 15 pontos-base, a 4,432%.

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