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Fiscal, mudanças no BC e juros nos EUA explicam queda de 3% em maio

Maio foi mais um mês negativo para o Ibovespa, que registrou um recuo de 3,04%, acumulando baixa de 9,01% no ano. No geral, os juros americanos continuam pesando a performance do principal índice da Bolsa brasileira, mas o período, ao contrário dos outros meses, foi marcado principalmente pelo noticiário interno.

Até abril, a maior parte do recuo da Bolsa brasileira se dava pela saída de estrangeiros, explicada, principalmente, pela alta dos juros nos Estados Unidos, após dados macroeconômicos mais fortes por lá mudarem a visão do mercado de que o Federal Reserve conseguiria fazer quatro ou três cortes de juros ainda neste ano. Hoje o consenso enxerga apenas dois cortes. 

Na situação de juros mais altos nos EUA, é normal que investidores prefiram manter seu capital na renda fixa norte-americana, que paga taxas mais elevadas e oferecendo menor risco. Contudo, até o dia 27 de maio, os estrangeiros ainda tinham um saldo positivo de R$ 892,9 milhões na B3 (contra saldo negativo de R$ 33,3 bilhões no ano), sinalizando possivelmente que a melhora do cenário por lá trouxe algum fluxo para o Brasil.

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Os juros cederam um pouco nos Estados Unidos após a publicação de alguns dados macroeconômicos no mês, como o PCE (índice de preços de gastos com consumo, na sigla em inglês) e o varejo. Os rendimentos dos treasuries para dois anos, por exemplo, saíram dos 5% no começo do mês para fechar em 4,87%. Já os para dez anos saíram de quase 4,7% para 4,5%. Cabe ressaltar, contudo, que a cautela continua, com analistas ainda não vendo o Fed confortável para cortar o juro de forma incisiva por lá.

Problemas internos pesam sobre o Ibovespa

“Tivemos em maio uma das piores moedas e também uma das piores bolsas, tanto no mundo rico quanto no mundo emergente. Os juros futuros foram quase a 12%. Isso é explicado por várias tensões que tivemos por aqui, como a troca de comando da Petrobras (PETR4), o aumento da incerteza em relação à trajetória fiscal e em relação a mudanças no Banco Central Brasileiro”, explica Paulo Gala, economista-chefe do Banco Master.

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A saída de Jean Paul Prates da presidência da Petrobras para a entrada de Magda Chambriard levantou o temor do mercado de que o Governo pode voltar a adotar medidas desenvolvimentistas na companhia, usando o seu caixa para realizar investimentos pouco produtivos. 

Na história recente, em governos petistas, a estatal realizou algumas compras que geraram prejuízo (caso, por exemplo, de Pasadena) . Fora isso, há também a visão de que os dividendos podem minguar, o que impactaria a saúde fiscal do Governo já que a Petrobras nos últimos anos ajudou bastante do lado da arrecadação da União, que é a sua maior acionista e que fica com boa fatia dos proventos.

Pesa ainda do lado fiscal a revisão das metas, com o superávit ficando para 2026. Já a proximidade do fim do mandato do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, preocupa o mercado pela possibilidade de a instituição monetária seguir por um caminho menos ortodoxo. 

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Gustavo Corradi Matos, economista e CIO da Medici Asset, ainda menciona que a tragédia no Rio Grande do Sul também ajuda a explicar parte da queda do Ibovespa. Os alagamentos tendem a diminuir o PIB brasileiro em 2024 e ainda atrapalham do lado fiscal — com o menor crescimento gerando menor arrecadação e com os gastos do governo com ajuda ao estado. 

“A partir da segunda quinzena, o índice sofreu pressões devido à reprecificação do mercado em relação à uma expectativa de taxa de juros mais alta para o final de 2024. Temos uma inflação desancorada para 2025 e 2026 e um crescimento econômico possivelmente menor, impactado pelas enchentes no Rio Grande do Sul”, explica.

Tudo isso aumentou o chamado risco Brasil. Fora que há uma visão no mercado de que a chamada “frente ideológica” petista esteja ganhando força no governo.

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